Autora: Rô Mierling
Editora: Clube dos Autores
ISBN: 978-85-434-0210-9
Ano: 2014
Páginas: 172
A obra analisa personagens reais em eventos do cotidiano, descritas em uma ótica crítica, dramática e até irônica, destacando o absurdo de amores, mortes, traições. São 23 contos baseados em fatos reais e 13 crônicas analisando situações do cotidiano social brasileiro. Uma menina que desaparece, uma mulher fatal e cinco homens, uma adolescente sequestrada por não saber ler, um assalto noturno que deixa marcas, o drama do Facebook, a filosofia do beijinho, a tatuagem e seus estigmas, o amor e o racismo, o poder da leitura, o estupro mental e a procura incansável de um deus inexistente, casos insólitos e reais. Esses e muitos outros assuntos são o foco dos contos e crônicas desse livro dinâmico, ágil, divertido e reflexivo. Livro de leitura rápida e fácil para leitores e até não leitores.
Livro lido através do Book-Tour realizado pela autora
No
livro Contos e Crônicas do Absurdo nos são apresentados 23 contos e 13 crônicas que mostram os absurdos da vida em sociedade. Situações
e fatos tão surreais que custamos a acreditar que sejam verdadeiros mas que são
mais comuns do que imaginamos e que várias vezes estão mais perto de nós do que
desejaríamos.
O
livro nos mostra o lado mais cruel da realidade de uma forma totalmente crua e
sem atenuantes, nos mostrando como a vida é realmente.
“Eu preferia não ter o pão, mas ter amor.” – Pensa Carlinhos (Nos Braços do Pai)
Entre
os contos, os que mais me tocaram foram:
Nos Braços do Pai – Uma história de um menino que por
querer o amor do pai acaba tendo um destino que ele não poderia imaginar.
Trocados Que Valem Ouro –
Um conto sobre uma
menina que guardava cada trocado que a sua mãe lhe dava para comprar uma
revistinha da banca de jornal.
Sobrevivência – Mostra exatamente o quanto somos
vulneráveis e o lado mais cruel do ser humano e o quanto podemos ser egoístas.
Ao passar por uma situação difícil Eleanor precisa tomar uma atitude que poderá
mudar sua verdadeira natureza.
Anormalidade – Helena, cansada de viver em uma
sociedade onde só levava pancadas e todos achavam que era normal, coube a ela ser
a anormal.
“Quando ela tentava se levantar, lá vinha de novo outra pancada da vida, pancada social, tapa emocional, socos do poder público e ela caia. Até que um dia ela se cansou de tanto apanhar por viver em sociedade.” (Anormalidade)
“Ela havia nascido com defeito. Ela não era boa nem pura, não tinha sabedoria nem conhecimentos profundos. Mas era estranho unir tantos problemas em uma única sociedade do amanhecer ao anoitecer, onde você é o preso dentro de sua casa e o bandido é o solto pelas ruas e você acha tudo normal.” (Anormalidade) pg. 65
Cega – Até que ponto uma pessoa cega de
amor pode não enxergar o que verdadeiramente acontece dentro da sua própria
casa.
O Bilhete – Uma menina que não sabia ler nem
escrever e sua mãe não via a importância disso é enganada por um homem.
Apesar
de ter gostado muito dos contos, sem dúvida as crônicas foram as minhas
preferidas. Senti uma maior proximidade com os fatos relatados e gosto da linguagem
mais irônica que é característica desse estilo. Dentre elas, as que eu destaco são:
Cidade Bipolar – Uma cidade que sofre de bipolaridade: no verão ela é alegre, os serviços públicos funcionam, não faltam produtos. Já
no inverno, ela fica doente, suja, depressiva, sem médicos nos hospitais. Essa
crônica me chamou a atenção, pois há realmente muitas cidades assim, que só tem
seu lado bom no verão, na época de alta temporada, para os turistas poderem
desfrutar do melhor que a cidade trás. Mas quando isso passa, a cidade se vê
mergulhada no caos, e os seus moradores sofrem com o descaso.
Marcas de Caráter - Até onde uma marca no corpo, uma
tatuagem, um piercing pode definir o caráter de alguém?
Criança Onde? -
O que é ser ou não uma criança no mundo em que vivemos hoje?
“Quer saber quem é criança e quem não é? Simples! Criança não vai a baile funk, criança não troca mensagens sexuais com o namorado de uma conhecida, criança não perambula armada pela madrugada em busca de vítimas, criança não estupra. Se esses são crianças, aquelas criaturinhas que vejo saindo da escola primária ali perto da minha casa ainda nem nasceram. Criança para ser criança tem que ter coração de criança.” (Criança Onde) - pg. 141
Prestação de Contas – Por que será tão difícil prestar conta
da sua vida para a sua mãe, mas tão fácil contar cada minuto do nosso dia para
simples estranhos nas rede sociais?
Não
iria conseguir falar de todos os contos e as crônicas senão a resenha ficaria
enorme, mas o que importa é que todos são muito bons e nos mostram o cotidiano,
o lado mais cruel do ser humano. Esse livro baseado em fatos reais com uma
pitada de reflexão nos leva a reflexão e a pensar como podemos ser melhor em um
mundo que já está saturado de caos. Com uma linguagem simples, direta e fluida Rô Mierling nos faz não querer nos separar do livro e desejar um mundo melhor.