Titulo Original: Sisters in Sanity
Editora: Arqueiro
Ano: 2016
Tradução: Marcelo Mendes
Páginas: 224
Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade.
Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão.
Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece.
O Que Há De Estranho em Mim foi o primeiro romance da autora Gayle Forman, em 2007 e ele conta de uma forma sútil e simples as negligências que jovens, na época, sofriam em algumas clínicas psiquiátricas. Jovens e pais foram entrevistados quando a autora escreveu uma matéria sobre reformatórios comportamentais, e a partir disso, nasceu a ideia para o livro.
Brit é uma jovem de 16 anos como qualquer outra. Ela tem tatuagem, toca em uma banda, e é um pouco rebelde, mas quem não é!? Principalmente por ter que lidar com a abandono da mãe, conviver com uma madrasta que não gosta muito dela, e um pai influenciável. Devido a essa "rebeldia", ela acaba sendo levada pelo pai para ser internada no reformatório Red Rock e lá recebe o diagnóstico de TDO: Transtorno Desafiador Opositor.
Em Red Rock, Brit terá que aprender a conviver com o sistema de hierarquia de lá. Há seis níveis, e a cada nível que se ultrapassa, a interna ganhará um "privilégio". Por exemplo, no nível um a interna não poderá sair do quarto, apenas para ir ao banheiro e às sessões de terapia individual. Já no nível dois, a pessoa receberá seus sapatos de volta e poderá trabalhar as questões internas. E por aí vai, até chegar ao nível seis, que significa poder sair do campus, liderar grupos de terapia, e também significa que já está quase pronta para sair de Red Rock.
No início Brit se vê perdida em meio a tantas jovens, não sabe em quem pode ou não confiar. Até ela conhecer V, Bebe, Martha e Cassie, e ao terem que conviver umas com as outras, começam a formar um estreito laço de amizade e fundam o Divinamente Fabuloso e Ultraexclusivo Clube de Malucas. Ao longo da história conhecemos um pouco sobre cada uma das meninas, o motivo pelos quais foram parar lá. Como vocês sabem, eu adoro quando os livros retratam relações de amizade e gostei muito de como as meninas logo se tornaram pilares uma para as outras.
"Quando estamos cercado de inimigos, não podemos nos dar o luxo de guardar rancor dos amigos."
Ao ler esse livro, eu me senti horrorizada pelo que as meninas tinham que passar, e pensar que isso possa existir em instituições reais me parte o coração. Ser obrigada a xingar outra pessoa como método de terapia, ter que realizar caminhadas em calor escaldante e empilhar pedras para depois derrubá-las, são apenas algumas das negligências de Red Rock. Um dos motivos da autora ter escrito esse livro foi ver que alguns do jovens internados nessas instituições precisavam realmente de ajuda, mas que ao contrário, eram punidos e "vencidos pela força", e é justamente essa situação que vemos nesse livro.
A Brit começa como uma adolescente indignada pela situação que está vivendo, com raiva do pai e de tudo. Conhecemos mais sobre o passado dela e o motivo de sua mãe ter abandado a família e porque isso a assombra tanto. Mas aos poucos, ela, junto com as amigas, descobre a força que há dentro de si, aprende a ver como ela realmente é, e que pode lutar contra as injustiças cometidas.
" - É que a gente acha que a loucura e a sanidade ficam em lados opostos de um oceano, mas na verdade não passam de duas ilhas vizinhas."
O livro é narrado em primeira pessoa pela Brit. No post que eu fiz de "Leituras do Mês", algumas pessoas disseram que sentiam vontade de ler, mas tinham medo por ser uma leitura muito pesada. Pois eu digo que podem ler sem medo, pois apesar do tema, a autora soube tratá-lo com delicadeza e de uma forma envolvente, que não nos faz querer largar o livro.
O Que Há de Estranho em Mim é um livro sobre o poder da amizade, como ela é capaz de nos transformar e nos tornar mais forte. Também é um livro sobre ser você mesmo, lidar com as diferenças e respeitá-las. E também é um apelo aos pais, para tentar entender seus filhos, ver o que os tão incomodando, o que pensam de si mesmos, antes de tomar uma decisão tão radical.
Para quem ficou interessado pela leitura, está tendo o sorteio (aqui) de um exemplar do livro.